Meu nome é Milly, muito prazer! Tenho 29 anos, adoro artesanato e decoração, mas por conta do destino trabalho com comunicação. Sou maluca por feijoada, mas outro lance do destino me levou a questionar minha alimentação – agora só feijoada vegetariana.
Não sei como vocês leitores encararam a informação do título, mas meus amigos e familiares variaram entre os pensamentos e dizeres dramatizados abaixo:
1 – “Ai meu Deus! Você vai ficar doente!”
2 -“E agora? O que eu vou cozinhar quando você for me visitar?”
3 – “Vish Agora ela virou hippie de vez!”
4 – “Nossa! Que bizarro! Pra que? Carne é tão bom!”
5 – “Credo! Nunca mais vai comer feijoada e churrasco?!”
Vou me ater ao top five acima, mas até hoje acontecem situações embaraçosas que sempre tento levar na esportiva. As piadas são sempre as melhores saídas.
Cada um tem um estalo que faz refletir sobre o que come. O meu foi há mais de um ano com um manifesto de ativistas espanhóis em defesa dos direitos animais. Naquele momento, com aquelas fotos, me coloquei no lugar dos animais e deste dia em diante não comi mais carne.
Entre os vegetarianos e veganos as motivações variam. Para mim, além da causa animal a causa ecológica importa. No Brasil mata-se 1 boi, 1 porco e 179 frangos por segundo (sim eu escrevi certo: segundos). Estes dados são do IBGE e neste levantamento não estão inclusos todos os peixes, perus, cabras, ovelhas, coelhos, patos e outras espécies, e claro, sem contar os abates clandestinos que, segundo estimativas, chega a 30% desse número (cerca de 400 milhões). Os animais sofrem dor e medo – animais com um ano de vida são mais capazes de pensamento lógico do que bebês humanos de 6 semanas – e eles passam as últimas horas de sua vida trancados em um caminhão, encerrados com centenas de outros animais, igualmente apavorados, e depois são empurrados para um corredor da morte.
Do ponto de vista humanitário, a cada 6 segundos alguém morre de fome e enquanto isso, todos os anos, 400 toneladas de grãos alimentam animais de corte. 100 acres de terra produz carne suficiente para 20 pessoas e grãos suficientes para alimentar 240 pessoas. E ao contrário do que muitos acreditam as florestas tropicais não estão sendo desmatadas para se plantar soja para vegetarianos, mas sim soja para as rações dos animais. E além de tudo isso, os produtores de carne são os maiores poluidores das águas.
Não me considero uma militante da causa e nem fico tentando convencer amigos e familiares de nada. Mas quando penso que um bife carrega tudo isso que citei mudei minha forma de viver. Meu aprendizado está acontecendo aos poucos e me auto-intitulo uma lacto-vegetariana que faz dias veganos. Algo como Segunda sem carne versão vegana. Para alguns isso é legal, para outros isso é insuficiente, para outros ainda eu sou uma tonta que não faz diferença, mas para mim o que faço está de acordo com minha consciência e assim toco minha vida e meu aprendizado disposta a ajudar os animais e humanos que me pedem ajuda nutricional. Mas, minha maior vitória até hoje é saber que meu noivo e minha mãe tornaram-se ovolacto-vegetarianos, não por eu tê-los convencido disso, mas por conviverem comigo e verem que era possível apesar de todos os alertas de faltas de vitaminas.
Para os que se preocupam com a vitamina B12, assunto bastante discutido no meio, é bom dizer que cerca de 40% dos onívoros apresenta deficiência dessa vitamina, o que nos coloca todos no mesmo barco. E quanto as demais necessidades, todos precisamos de uma avaliação nutricional e acompanhamento de um especialista para se alimentar corretamente, seja por falta de conhecimento ou por levar uma vida corrida que nos impede de comer três frutas por dia, não é mesmo?
Para quem tem interesse no assunto eu sempre indico acompanhar os portais Vista-se e SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) que sempre tem e-books, receitas, notícias e é possível se associar para ter descontos e ajudá-los nas campanhas. E o livro Virei Vegetariano. E agora?, que além de dicas nutricionais, narra situações e como sair delas (quem é vegetariano sabe do que estou falando) e até uma carta para seu nutricionista (caso ele não seja assim tão simpático à causa). Também existe um projeto muito bacana chamado Anjo Vegano, inspirado em outros de mentoria, encontra um voluntário vegano para auxiliar o interessado nesta transição.
Atualmente, fontes de informação não faltam e até tem se multiplicado nos últimos meses. Uma prova disso é que a Folha inaugurou o blog Veg no dia 01/07 deste ano. Mas tenha cuidado ao acreditar em tudo que lê por aí, pesquise em mais de uma fonte e queira ver as pesquisas. A SVB tem se dedicado a combater bobagens que aparecem na mídia – por exemplo a nutricionista do comercial da Friboi que dizia que carne é essencial e não é.
E em meio a novos estabelecimentos, antigos que tem novas opções veggies, eventos e grupos e campanhas cá estou eu disposta a conhecer tudo e compartilhar com os interessados esta jornada.
PS: Sei que todos aqui gostam de comer então prometo que os próximos posts serão mais legais e gostosos, prometo!