Na primeira sexta-feira de agosto celebra-se mundialmente a cerveja, uma das bebidas mais populares e consumidas do mundo.
Veja alguns mitos e verdades que o Daniel Wolff, sommelier de cervejas e diretor a rede de loja especializada em cervejas artesanais Mestre-Cervejeiro.com, elencou sobre a gelada!
Cerveja em lata é pior que em garrafa
Mito. Geralmente, a lata costuma manter a cerveja fresca, conservando aromas e sabores por um período de tempo maior. Isso porque, como o material é opaco, o líquido não sofre com a exposição ao sol.
Cerveja é sempre amarga
Existem três famílias de cervejas, desmembradas em mais de 100 diferentes estilos, alguns deles com chocolate, com frutas (como cereja, pêssego e framboesa). O que vai determinar o amargor da cerveja é a variedade do lúpulo e o tipo de torra do malte. É mito!
Cerveja deve ser sempre translúcida
Mito. As cervejas dos estilos Weizenbier, Witbier e Dubbel, por exemplo, são alguns exemplos de cervejas de aparência mais turva. Isto é uma condição normal, decorrente do processo de produção – se ela é ou não filtrada, ou se passa pela técnica chamada de dry-hopping.
Bolhas nas paredes internas do copo são indício de boa carbonatação
É mito. As bolhas nas paredes internas podem ser indícios de que a higienização do copo não foi muito bem feita ou que ele está guardado há um tempo e precisa ser higienizado novamente.
Não existe diferença para o produto entre garrafas âmbares, verdes e transparentes
É mentira, a cor da garrafa interfere na durabilidade do produto. Quanto mais clara for, maior a exposição da cerveja aos raios solares e consequentemente maior o impacto negativo nos aromas e sabores da bebida. Entre garrafas transparentes, verdes ou âmbares, a melhor opção é a âmbar.
Cerveja artesanal é muito alcoólica
Depende do estilo. Há as mais alcoólicas e as menos alcoólicas, as mais amargas e as menos amargas, as mais e as menos encorpadas. O fato de ela ser artesanal relaciona-se apenas aos processos de produção, ou seja, é mito.
Cervejas escuras são mais intensas
Mentira. A cor de uma cerveja é resultado das variedades de malte utilizadas em sua receita. Quanto mais intensa a tosta do malte, mais escura será sua cor e isso será transmitido ao produto final. No entanto este é apenas um aspecto sensorial, e existem cervejas claras muito potentes como as Belgian Tripel, e cervejas escuras mais leves e resfrescantes como as Schwarzbier.
Cerveja deve ser consumida só muito gelada
É mentira, pois cada estilo de cerveja tem a sua temperatura ideal de serviço. Há aqueles em que o indicado é beber em temperatura de adega, entre 12°C e 16°C, como as inglesas do estilo Barley Wine, que são potentes, complexas e encorpadas. Já outros estilos menos intensos mas igualmente aromáticos, como as India Pale Ale ou Bock, atingem seu maior potencial na faixa dos 7 a 10°C.
E mesmo as American Lager, comumente chamadas de tipo Pilsen no Brasil, não devem ser consumidas a 0°C. Isso porque, em temperaturas muito baixas, as papilas gustativas ficam anestesiadas e os aromas da bebida menos voláteis, fazendo com que deixemos de sentir características importantes da bebida.
Não existe diferença entre chope e cerveja
A origem do produto é o mesmo. Mesmo processo de fabricação, mesmos insumos utilizados. Mas o armazenamento e o tipo de serviço são diferentes, o que interfere nas características da bebida. A maioria das cervejas, diferente do chope, são pasteurizadas. Por isso, tendem a ser menos frescas e com sabores e aromas menos presentes. Ou seja, é mentira.
O local de origem da água influencia no produto final?
As características da água influenciam, sim, no produto final, ou seja, se ela é mole ou dura, a quantidade e os tipos de sais minerais presentes nela, o seu pH, etc. Contudo, a origem da água em nada influencia (mito).
Isso porque é possível trabalhar todos esses aspectos, modificando quimicamente a água que será utilizada na fabricação, deixando-a mais alcalina, por exemplo, favorecendo a produção de certos estilos de cerveja e, assim, influenciando produto final.
Cerveja precisa de colarinho?
Toda cerveja deve apresentar alguma quantidade espuma, que é um elemento fundamental para avaliar a saúde da bebida e ainda ajuda na preservação de sua temperatura. Se uma cerveja não tem espuma é porque não está bem carbonatada – tendo um defeito de fábrica -, houve algum problema no armazenamento ou ela não foi servida da maneira adequada.
O tipo de espuma e a sua estabilidade variam de estilo para estilo. Alguns, principalmente os ingleses, têm pouca formação de espuma e ela permanece como uma fina camada. Já as belgas, por exemplo, têm uma formação bastante expressiva e a permanência no copo faz parte do visual. Ou seja, dá-lhe colarinho!
Cerveja preta é só pra tomar no frio?
Mito. O que vai dizer se uma cerveja é mais indicada para o frio são fatores como o corpo da cerveja – ou seja, o peso do líquido na boca – e teor alcoólico, que são duas características que passam uma sensação acolhedora.
Faz diferença o tipo de copo que se usa pra beber cerveja?
É verdade, o copo pode influenciar na maneira como sentimos o aroma da cerveja, interferindo positiva ou negativamente na degustação. O copo também pode interferir visualmente, como por exemplo na retenção de espuma.
O copo Weissbier tem um formato adequado para manter a formação do colarinho, enquanto a taça snifter concentra os aromas de cervejas mais complexas. Já o famoso pint tem um formato utilitário que possibilitam serem empilhados, e sua boca mais larga permite beber em grandes goles.