Domingo paulista, noite épica e fome absurda. A pedida é comida boa e farta, sem jeito de pedreiro. Resumindo: comida mineira? Aceito. E não conheço lugar melhor da comidamineirinhaquesósô que não seja o Consulado Mineiro. Praticamente uma zona de teletransporte em que você vai para uma zona dimensional conhecida como “fazenda-mineira-da-vó-que-ocê-nunca-teve-uai”.
Não sei bem qual a história do restaurante, mas sinceramente? A imaginação é muito mais fascinante. Daí, você viaja com os motivos de todos os garçons serem típicos mineiros (atores contratados? Família exilada em sampa? Ex-habitantes de Varginha que são ETs disfarçados?), mas francamente isso pouco importa quando a gente percebe que o serviço é ótimo. Praticamente impossível não receber um sorriso e não achar simpático o sotaque dos caras. Regionalismo repetido no tempero do simpático Medalhão que pedimos (R$50,50).
Embora a maioria dos pratos seja para duas pessoas, qualquer refeição serve para duas pessoas e um ser da espécie dos glutões (presente). Foi o nosso caso. Aliás, dois homo glutoenis se satisfazem fácil com qualquer coisa do cardápio.
O prato é composto pelo macio filé com salsinhas pertinentes. Sim, pertinentes. A carne mineira passa longe daqueles bifões salgados consagrados pela cultura do sal desmedido. Não sei se as folhinhas tão injustiçadas pelo Veríssimo são o segredo do sabor ou se é a radioatividade do disco voador. Fato é que a carne é gostosa pra cacete. Relaxa e goza.
Tal qual Adam Clayton (baixista) e Larry Mullen Jr. (baterista e percussionista) fazem no U2 o arroz e feijão do prato mineiro compõem bem o prato principal. Prefiro o arroz, diferente do que cresci comendo, com raízes cearenses. O arroz do Consulado é um Adam Clayton quase The Edge em seu inimitável solo de With or Without You. Na boa, não dá pra viver sem esse arroz. Curti o feijão, mas é que rola um preconceito racial: se não for preto, nunca acho mais do que bom. Mal aê. Coisa de carioca que não supera o fato de feijão branco ser chamado de carioquinha. É zoação de paulista, só pode.
E pra fechar a batata frita mineira. Once upon a time que diziam que a french fries foi cunhada pelos franceses? C’est sa? Non, o Consulado explica que fritas são coisa de botecos mineiros, sequinhas e sem sal (ocê põe a gosto, cumpádre), mas deliciosas. Trem bão.
A pílula vermelha que nos fez sair da Matrix de Minas Gerais foi o cafezinho (R$ 2)Â que pedimos no final. Forte demais e sem aquele sabor típico que faz todo o resto especial. É o suficiente pra gente acordar, mas não é o bastante pra reclamar. Na real, o Consulado Mineiro permanece como uma zona de iguarias regionais e, felizmente, os caras ainda não resolveram voltar pro seu planeta ou pra Varginha, sei lá. Aproveite e desfrute disso.
Consulado Mineiro
Praça Benedito Calixto, 74, Pinheiros, São Paulo/ SP
Telefones: 11 3088-6055 ou 3064.3882
10 Comentários
4Pingbacks & Trackbacks on Trem bão de si comê, sô!
-
[…] dentro e temperados como devem ser. Segundo melhor que provei em Sampa, só perde para meu amado Consulado Mineiro. Para começar o cardápio do SPRW, fui de Polenta com queijo Brie gratinado e mix de folhas que […]
-
[…] Fogo de Chão Cozinha brasileira: Bolinha, O Compadre, Consulado Mineiro (visitado pelo blog), Dona Lucinha, Feijão de Corda, Tordesilhas Feijoada: Bolinha Italiano: Famiglia Mancini […]
-
[…] 23 de agosto a 12 de setembro o restaurante Consulado Mineiro participa da 7ª edição do Restaurant Week que retorna a São Paulo com menus atrativos para mais […]
-
[…] acima, os bolinhos do Adelaide Bistrô, na Vila Madalena. Entre os melhores estão os do Ritz e do Consulado Mineiro. Mais indicações […]
Isabelle Lindote
fevereiro 2, 2010 at 5:29 am (15 anos ago)Atesto tudo e assino embaixo! Delícias que valem cada centavo, atendimento cordial e clima aconchegante de casa da avó. Sem igual. Ok, ok, se tivesse café de bule seria perfeito 🙂
Lucas Ed.
fevereiro 2, 2010 at 2:28 pm (15 anos ago)Caçamba! R$ 50 mangos um prato de medalhão? E nem é um prato assim tradicionalmente tão mineiro… Viver em Sampa deve mesmo ser muito caro…
Agora, me explica essa diferença do arroz aí, Cordeiro? Boiei, pra mim os únicos que faziam arroz diferente eram os gregos (que enchem de trem) e os japas (que fazem grudado pra comer de pauzinho)…
E pra fechar, pô, o “feijão carioquinha” é um trem engraçado. Primeiro que em Minas a gente só come dele, e ele passa longe de ser branco (feijão branco é aquele que acompanha – argh!- dobradinha). De uns dois anos pra cá, meu avô tem passado muito tempo no Rio, a trabalho. E toda vez que vem pra cá pede pra comer feijão, porque não suporta essa mania dos cariocas de comerem feijão preto todo dia…
Tiago Cordeiro
fevereiro 3, 2010 at 2:27 am (15 anos ago)Lucas, o arroz é muito gostoso. O tempero não é forte, mas é soltinho e MUITO bom. Só comendo pra saber….
Esses R$50 não me parece um preço caro. Éramos três e comemos numa boa.
Eliane de Souza
março 1, 2010 at 12:48 pm (15 anos ago)Que delícia! Deu vontade de comer tudo!!!
É a primeira vez que passo por aqui e não poderia deixar de comentar.
Ficaria muito feliz se também visitassem o blog que criei há pouquinho tempo, o http://www.couvertcortesia.blogspot.com.
beijocas
rodrigo pezão
abril 2, 2010 at 3:00 pm (15 anos ago)Aí ceis falaram de tudo,mas esqueceram de falar daquela cachacinha mineira especial; a Maravilha da Serra!
Tiago Cordeiro
abril 5, 2010 at 12:01 pm (15 anos ago)Rodrigo, eu não bebo senão tinha provado. Mas falam bem da cachacinha mesmo.