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Românticos por chocolate

Está em cartaz no Reserva Cultural, na avenida Paulista, um dos filmes mais fofos que eu já assisti: Românticos Anônimos (Les Émotifs Anonymes, França-Bélgica, 2010).

Em primeiro lugar, aconteceu uma identificação quase instantânea com os personagens do filme, por causa do mote principal da história, o quanto a timidez pode atrapalhar a vida de alguém.

Depois, o roteiro desenrola-se na fábrica de chocolates artesanais de Jéan-René, que contrata Angélique para ser sua representante de vendas. As cenas da fabricação do chocolate são de dar água na boca. Também é interessante ver a maneira pela qual o filme consegue transmitir que fazer chocolate artesanal é uma verdadeira arte, realizada com muita dedicação.

A pedida, para depois do filme, é entrar no clima e comer um fondant au chocolat no Café Pain de France, ali mesmo, no Reserva Cultural. Lá são servidas várias delícias doces e salgadas, bem típicas da França.

Ainda dentro do Reserva Cultural, para completar a experiência gastronômica, há um autêntico bistrô. O restaurante também serve pratos tradicionais franceses, como o steak au poivre e o ratatouille niçoise, além de massas e saladas.

Para dar vontade de assistir ao filme e depois comer chocolate até não aguentar mais, vejam o trailer.

Reserva Cultural (cinema, café e bistrô)
Avenida Paulista, 900
Cerqueira César  São Paulo
Tel: (11) 3287-3529

Comida de dragão

Hoje fui ao cursinho, no bairro da Liberdade, e vi que a praça e a rua Galvão Bueno estão decoradas para a comemoração do Ano Novo Chinês.  O 4710o ano desse calendário é representado pelo dragão.

Não só na Liberdade, mas também em outros pontos da cidade, acontecem demonstrações de dança, artes marciais e apresentações musicais.

Especialmente, no tradicional bairro oriental de São Paulo, estão montadas barraquinhas de artesanato e, é lógico, pratos tradicionais. Nessa ocasião, a comida mais típica é um bolinho cozido, chamado jiaozi.

Para quem não puder dar um pulo até a festa e experimentar o bolinho, dá para tentar fazer em casa.

Jiaozi

Ingredientes para a massa:

500g de farinha de trigo
200ml de água morna
1 colher de chá de sal

Em uma tigela, coloque a farinha e o sal e vá acrescentando a água aos poucos, mexendo sempre até que a mistura fique homogênea. A massa não pode ficar pegando; ela deve se desgrudar facilmente dos dedos.

Depois de pronta, deixe-a descansar por 30 minutos na tigela tampada e polvilhada com farinha de trigo.

Polvilhe farinha de trigo sobre uma superfície lisa e abra a massa até deixá-la bem fina. Depois, com a boca de um copo, corte-a em círculos concêntricos.

Ingredientes para o recheio de carne:

1kg de carne moída (preferencialmente de porco)
1/3 de um pé médio de acelga
1/3 de um pé médio de repolho
3 dedos de gengibre ralado
1 colher de sopa de molho shoyo
1 colher de café de vinagre de arroz chinês
Sal a gosto
Glutamato monossódico (Ajinomoto) a gosto

Em uma tigela, misture a carne com o gengibre. Acrescente o sal, o shoyo e o vinagre. Incorpore à mistura o repolho picado e a acelga. É importante que todos os vegetais estejam bem picados para que não perfurem a massa do jiaozi.

Pegue a massa cortada em círculo e a coloque no centro de sua mão. Sobre ela, largue uma colher de café do recheio. Feche primeiro a massa no centro superior e, depois, comece a fechar um dos lados com pequenas dobrinhas. O processo é semelhante ao do pastel. Certifique-se de que a massa esteja bem fechada, para que o ravióli não abra durante o cozimento. Coloque-os sobre um prato polvilhado com farinha de trigo (a farinha vai garantir que os jiaozi não grudem durante a fervura).

Na água fervente, mergulhe os raviólis um a um e tampe a panela. Quando voltar a ferver, acrescente um copo de água fria. Repita o processo por duas ou três vezes (para recheios de carne, é aconselhável deixar ferver por três vezes). Retire-os da água com uma escumadeira e sirva quente (jiaozi frio faz mal para o estômago!), acompanhados do molho.

Ingredientes para o molho:

1 porção de molho shoyo
1 porção (igual) de vinagre de arroz chinês (escuro)
Cebolinha picada a gosto
Sal a gosto

Se quiser, esmague também um dente de alho e acrescente à mistura.

No site da Rádio China Internacional, tem um vídeo explicando passo a passo.

Para conhecer a programação da festa, visite o site oficial do evento.

As meninas no Las Chicas

Ontem, depois de muito tempo comendo só arroz com feijão da mamãe, eu me dei ao direito de uma extravagância.

Aproveitei nossa visita ao Las Chicas, para participar de uma matéria da Record News sobre o paladar paulistano, que será transmitida dentro das comemorações do 458o aniversário de São Paulo, e almocei lá com a Isabelle e a Cláudia.

O bistrô charmosinho é uma realização de Carla Pernambuco e Carolina Brandão, conhecidas empreendedoras do ramo gastronômico, não só na cidade de São Paulo, mas também no resto do mundo. Depois do sucesso do Carlota e do Carlota Rio, a proposta era fazer comidinhas simples e saborosas.

A decoração do lugar é bem fofa. Com uma lousa na parede para escrever o cardápio (o que eu acho super bonitinho) e várias fotos de bonecas nas paredes, o ambiente é bem agradável. Daria para ficar lá batendo papo a tarde inteira, escondendo-se da tarde chuvosa em São Paulo.

A maior inovação do restaurante é que ele serve o dia inteiro, das 9h até a meia noite, durante a semana. No fim de semana, eles fecham mais cedo, às 18h. Então, não importa que horas bater uma fominha, lá tem pratos gostosos a qualquer hora. A gente mesmo ficou morrendo de vontade de voltar para experimentar o café da manhã, com várias opções de ovos.

Para o meu almoço de ontem, escolhi um quiche de vegetais com salada verde, bem saudável.  Como gosto bastante de brócolis, achei o quiche gostoso. Mas, o melhor de tudo, foi a saladinha: dava para perceber que as folhas eram muito fresquinhas, porque elas até estavam crocantes!

Quiche de vegetais, com muito brócolis, e salada verde, com folhas bem fresquinhas

De sobremesa, eu peguei um doce de caneca, ou melhor, brigadeiro em uma canequinha. A colherzinha era um mimo de tão pequena! O doce estava gostoso, feito com chocolate escuro e raspas de chocolate em cima, que, além de decorarem, deram um toque especial ao sabor.

Brigadeiro de canequinha

Embora as comidinhas sejam muito gostosas, eu achei uma pequena desvantagem no restaurante: o preço foi um pouco alto para o meu budget de estudante! O quiche, o doce de caneca e mais um suco de tangerina (mais os 10% do serviço) ficaram por R$ 47. Mas acho que esse é o preço que se paga por comer em um restaurante comandado por profissionais conceituadas, não é mesmo?

Las Chicas
rua Oscar Freire, 1607
Pinheiros
(11) 3063-0533

French fries ou belgium fries?

Eu não sabia que a batata frita era um prato típico (e grande orgulho) da Bélgica até receber a visita de um belga no feriado da Páscoa de alguns anos atrás.

Lendo algumas notícias pela internet, encontrei que foi inaugurado na cidade de Bruges (ao norte de Bruxelas) o primeiro museu do mundo sobre batatas fritas. Os idealizadores da nova atração turística dizem que além do chocolate, nada melhor do que as batatas fritas para simbolizar o estilo de vida belga.

O Frietmuseum (Museu da Frita, em flamengo) conta a história do tubérculo desde que foi descoberto pelos europeus no Peru até a chegada no Velho Continente, trazida pelos espanhóis, e a popularização depois da Primeira Guerra, quando os soldados americanos e ingleses experimentaram a batata vendida nos portos belgas.

Ao que parece, as batatas fritas ficaram conhecidas como french fries porque na Bélgica também se fala o francês.

O museu também mostra a presença do tubérculo na cultura do país e esculturas sobre o tema. Também há uma ala dedicada a explicar todo o processo de colheita até se tornar uma boa batata frita[bb].

Comida é cultura

Engraçado como quando pensamos nos estereótipos de alguns países sempre tem a ver com comida.

Por exemplo, tem alguma coisa mais clássica do que um couch potato? Um típico americano, gordão, com camiseta de time de basquete ou beisebol que deixa metade da pança para fora, sentadão em um sofá, na frente da televisão, comendo uma tigela de qualquer alimento nada saudável?

Com certeza esse é um dos melhores. Ninguém consegue pensar em Estados Unidos e não imaginar junk food[bb] ou então comidas em pacotes king size, que dão para alimentar mais de uma família!

Mas a relação entre país e comida que eu acho mais charmosa é a do francês e a baguete. E é verdade mesmo que eles carregam as baguetes de baixo do braço, embrulhadas em um pedacinho de guardanapo ridículo, com o resto do pão balançando de um lado para o outro.

Outro estereótipo comum do francês é com o queijo e o vinho. Franceses adoram queijo! Enquanto aqui a gente come com frequência uns dois ou três tipos, lá existem uns 10! Todos vendidos já fatiados e embaladinhos de um jeito bem bonitinho.
O vinho também é essencial! Tem muito mais prateleiras no supermercado para vinhos do que para os refrigerantes ou para os produtos de limpeza! Pelo menos isso no Intermarché, o que eu costumava fazer compras lá em Vanves (que saudades da França…). Mas, nunca comente com um francês que o maior produtor de vinhos do mundo é a Itália…

Texto publicado anteriormente aqui