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Bouchon em Lyon

Minhas aventuras gastronômicas pela Europa continuam, visitei Lyon em fevereiro – uma cidade linda com ares de Paris – tem prédios do mesmo estilo e um museu de Beaux Arts que me fez pensar no Louvre, além de ser a cidade dos irmãos Lumière.

A região de Lyon é conhecida pelos embutidos que produz, como o Saucisson “jesus” (muito gostoso, menos gordo e bastante perfumado) e também a “specialité lyonnaise” (que eu achei um pouco gorda). Os saucissons lembram o gosto de salame, mas o sabor é bem mais forte e quase sempre tem grãos de pimenta do reino.

E os restaurante típicos da cidade, os Bouchons, também são imperdíveis para os turistas. A origem do nome é controversa, dizem que no passado esses restaurantes sempre tinham um ramo do lado de fora indicando que estavam abertos e passaram a ser chamados pelo diminutivo de ramo e as palavras vão se modificando…

O interessante é que a palavra “bouchon” também significa rolha de garrafa, e só o que eu posso pensar é que quando você vai em um bouchon, come muito! Por isso aconselho ir na hora do almoço, aí você tem o dia inteiro para digerir.

Normalmente existe a “formule”, que vai ter os pratos típicos de bouchon como opções, isto é MUITA carne de porco e MUITA charcuterie (embutidos). Fui no Petit Glouton, onde a formule com entrada, prato principal e sobremesa custa 14,90 euros. E é muita comida!

Pra começar pedi a Salade Lyonnaise:

Alface, bacon, croutons e um ovo poché.

Em seguida o prato principal:

Saucisson quente (que eu não gostei muito, prefiro comê-lo frio como aperitivo), com gratin dauphinois (batata cozida cortada em fatias com creme de leite e queijo e gratinada no forno) e haricots verts (vagem).

Esse é o prato principal de um Lyonês que estava comigo, são tripas recheadas com carne de porco… Não tive coragem de provar.

Como sobremesa, pedi um crepe com geleia de morango:

E o pessoal do atendimento é muito simpático, o patrão vem e conta piadas, os garçons são atenciosos e  um deles é português, então você pode pedir para ele te explicar tudinho do cardápio. =P

Na teoria você só pode comer em um Bouchon no bairro de Vieux Lyon (Velha Lyon), onde o comércio fica aberto mesmo aos domingos e lá também é possível comprar lenços de seda produzidos na França nas mesmas fábricas onde são produzidos os lenços Hèrmes.

Le Petit Glouton
56 rue Saint Jean – Lyon – France

Navettes de Marseille

O Four des Navettes é uma padaria francesa fundada em 1781 e que fabrica as mais tradicionais Navettes da cidade.

A palavra Navette significa lançadeira, instrumento usado para tecer os fios num tear, ou um pequeno barco, mas hoje em dia tem muitos outros significados, como por exemplo a “navette aéroport” ônibus que faz o trajeto entre a cidade e o aeroporto. E existe uma grande tradição de fazer biscoitos com esta forma.

A origem do biscoito está associada à festa da Chandeleur – comemorada no dia 02 de fevereiro, simboliza o momento em que  Jesus é levado ao Templo –  na maior parte da França a tradição é fazer crepes neste dia, mas em Marseille se come a navette.

A história dessa tradição é antiga, acredita-se que no final do século XIII a imagem de uma virgem é encontrada no Vieux Port (Antigo porto) de Marseille e ela é vista pela população da época como uma santa protetora, para alguns a Virgem Protetora das Pessoas do Mar.

E alguns dizem que a navette simboliza o barquinho que leva os santos protetores na região de Provence (Sul da França). Assim para relembrar essa história, em 1781, o dono da Four des Navettes, Monsieur Aveyrous, tem a ideia de fazer o biscoito em forma de barquinho.

As navettes dessa padaria de Marseille têm sua receita guardada a 7 chaves, para se ter uma ideia, na embalagem não tem escrito nem quais são os ingredientes. Após provar a única certeza que tenho que é tem essência de flor de laranjeira na massa.

Na loja são vendidos pacotes com 12 (8,50 euros), latas com 12 (17 euros) ou 24 (25 euros) e elas podem ser comidas até um ano após a compra.

E uma dica, a primeira vista os biscoitos parecem incrivelmente duros, e são, então antes de comê-los é preciso aquecê-los por cerca de 20 segundos no microondas ou colocar na torradeira, aí ele fica morninho e macio por dentro.

Four des Navettes
136, rue Sainte (ao lado da Abadia de Saint Victor) – Marseille

Mâche

Aqui na França existe uma diversidade muito grande de legumes e verduras, acho que só de maçã deve ter uns 8 tipos diferentes no supermercado. Alface tem de todo tipo que você imaginar, abóboras de mil formas e tem até abobrinhas gostosas.

Mas o que eu mais gosto aqui é a “mache” (em português mâche), uma folhinha verde escura bem pequena, que não é amarga, é levemente crocante e fica uma delícia na salada, seja sozinha, seja acompanhada de alface americana (que aqui se chama “iceberg”… rsrs).

E ainda não tinha encontrado a tradução pro português e achava que nem existia aí no Brasil, até receber uma newsletter divulgando um curso só de saladas da Escola Wilma Kövesi de Cozinha. Sim! Existe mâche no Brasil, ela pode ser encontrada em alguns (poucos) lugares em São Paulo. Mas nem tente procurar por agora, ela é uma verdura de inverno…

A mâche é rica em fibras, em vitamina C, betacarotenos, anti-oxidantes, omega 3, vitamina B9 – e com tantas qualidades também é conhecida como a salada anti-estresse. Tem sua origem na bacia mediterrânea, existem imagens dela nos túmulos egípcios e numa pintura perdida de Leonardo da Vinci. Hoje, é cultivada principalmente na região do Loire, na França, suas folhas são extremamente delicadas e seu cultivo e colheita exigem bastante cuidado.

Raclette

Como aqui na Europa as estações são bem definidas, existem os pratos de inverno e os pratos de verão. E nesta época do ano com a neve caindo lá fora, não há nada melhor do que comer uma raclette.

Raclette é na verdade o nome de um tipo de queijo, de origem suíça, da região de Valais , tradicionalmente feito com leite de vaca cru, que derrete com facilidade. Daí vem o prato, derrete-se o queijo e ele é despejado sobre a batata cozida… hum!!

Os queijos usados para se fazer a raclette podem ser o Savoie, o Comte ou o Raclette, e aqui, nesta época do ano, é fácil encontrar as embalagens de “queijo para raclette”. É possível também encontrar “sabores” do queijo, como com pimenta do reino, vinho branco, cominho etc.

Além das batatas cozidas acompanham também a “assiette de charcuterie” (prato de embutidos/ prato de frios), cornichons (pepino em conserva), maionese caseira e pão.

Mas a melhor coisa é a forma de preparo, você põe o queijo nessa “frigideirinha” :

E coloca pra esquentar na máquina de raclette:

E quando o queijo derrete:

É só derramar o queijo sobre a batata cozida:

É um prato extremamente convivial e que não dá nenhum trabalho!

Como bebida aconselha-se servir vinho branco seco ou rosé e deve-se evitar a água ou bebidas frias, porque elas vão fazer o queijo endurecer no estômago, então para quem não toma vinho o ideal é uma xícara de chá bem quente!

Ps. Sei que esse prato não combina muito com o calor que tem feito no Brasil, mas aqui está nevando:

Pão de queijo na França

Na semana passada bateu uma saudade de pão de queijo e encontrei o preparo num supermercado de produtos exóticos aqui de Toulouse (Afro DomTom). Lá tem mandioca, açaí (o potinho custa 4 euros!), cachaça, polpa de frutas, fubá e preparo de pão de queijo!

O pacote de 250g custou 3 euros e achei super simples de preparar, basta acrescentar água e dois ovos, e desconfiando que só teria “cheiro” de queijo e não gosto, comprei também um queijinho parmesão e acrescentei na massa.

A massa é um pouco leve demais, prefiro um pão de queijo com mais “sustância” (aceito sugestões de receitas, porque aqui também vendem polvilho) e eu colocaria ainda mais queijo pra garantir o sabor, mas me regalei!

E todos os franceses que experimentaram (o pessoal da casa onde moro) gostaram bastante e me disseram que é um bom aperitivo. Eu, pessoalmente, prefiro um pãozinho de queijo acompanhado de café: