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Bar da Dona Onça

Por Mario Guanaes

Com a devida permissão e companhia da patroa (para que ela mesma não virasse uma Onça) e uma amiga, a aventura da vez foi digna de colete e chapéu de safári, com espingarda em mãos, cara e coragem! Explico: o degustador de plantão aqui não é dos mais fanáticos por cachaça e essa é justamente a proposta do menu degustação Festival Fogão e Alambique, que terminou semana passada, do Bar da Dona Onça: pratos feito E harmonizados (!) com a bebida (todas da Cambraia). Como esse tipo de experiência não se pode deixar passar…

O Barda Dona Onça por si só já é um espetáculo! Da decoração aos cuidados com os clientes (garçons e hostess bem treinados e educados), tudo é feito de maneira a deixar o cliente o mais confortável possível, apesar do relativamente pequeno espaço. Charme à parte ainda ser parte do Copan.

Falando do que mais interessa, a pedida pode ser apenas do pastelzinho de bobó de camarão servido com cachaça Cambraia ou o menu completo. Iniciando pelos pasteizinhos, se não me segurasse teria ficado só neles! Massa fininha e crocante, levemente enfarinhada (o que eu adoro nesse tipo de petisco), com MUITO recheio de bobó de camarão. E veja, não era caldo de camarão ou camarõezinhos, não! Eram CAMARÕES!!!

Para a entrada do Menu completo, foi servida salada de polvo marinado em vinagrete de caipirinha. Sal e acidez perfeitos, polvo fresquíssimo! A caipirinha, um perfume só! Com três limões (cravo, galego e tahiti), é adoçada na medida certa. O único defeito é que acaba logo!

Estrelando no prato principal, miniarroz com abóbora, couve e músculo cozido, embriagado na cachaça. Para quem tem suas reservas com carne “de segunda”, essa receita pode mudar seus conceitos! Com um gostinho de “comida de vó”, uma “comfort food” de tirar o chapéu. A pimenta biquinho dá um toque sensacional (e poderia ser servido mais à parte, para amantes de pimenta como eu). Esse foi acompanhado com drink de suco de laranja, melaço de cana e cachaça. A única coisa que não foi um êxtase gastronômico da noite. Não sei se o melaço, ou se a laranja, mas o fato é que algo não ficou legal ali.

Na sobremesa, compota de caju com melaço de cachaça e sorvete de baunilha. Inesquecível, o sorvete com a famosa textura italiana e o fruto, escurinho pelo melaço, docinho e levemente bêbado combinaram perfeitamente.

Ainda na mesma noite, as companheiras de caça foram de filé crocante e bife à cavalo, que de “PF” não tinham nada.

Talvez o único ponto negativo seja o valor dos pratos. Seis pasteizinhos a R$29 não são absurdos, mas os R$98 do menu completo (e para apenas uma pessoa) podem fugir do orçamento botequeiro de muita gente. Os demais pratos variam bastante de preços, também, a maioria girando numa média de R$30 a R50. Mas, se o bolso deixar, estão recomendadíssimos! No caso dos menus cachaceiros estariam recomendados, já que o menu estava em seus dias finais quando fomos. Já fica a sugestão aqui para a chef Janaína Rueda: tirar pratos como esses do cardápio é coisa de amigo da onça, hein?! Rs


Bar da Dona Onça
Avenida Ipiranga, 200
Edifício Copan, lojas 27 e 29, Centro
Telefone: 11  3257-2016

Horário de funcionamento: Segunda a Quarta das 12h às 23h/ Quinta a Sábado das 12h à 0h/ Domingo das 12h às 17h/ A cozinha funciona ininterruptamente entre almoço e jantar.

Cartões de Crédito e Débito: Redecard, Visa e Amex

Capacidade: 80 pessoas
Tem ar condicionado  e acesso para deficientes.

Menu Tem Onça Na Cozinha (24 e 25 de fevereiro)

Depois de receber a chef pernambucana Carmen Virgínia dos Santos, o Na Cozinha terá dois dias com menu especial preparado pela chef Janaína Rueda, sócia do Bar da Dona Onça. Batizado de Tem Onça Na Cozinha: cozinhando na pressão, o cardápio celebra os três anos de sucesso do restaurante do chef Carlos Ribeiro, que sempre promove esses encontros no espaço. Como são poucos lugares, é melhor reservar 😉

Tem Onça Na Cozinha: Cozinhando na pressão
Dias 24 e 25 de fevereiro (almoço e jantar)
Endereço: Rua Haddock Lobo, 955 – Jardins – São Paulo
Telefone: (11) 3063-5374

Sabor dos santos com a chef Carmen Virgínia

A fala cantada da chef Carmen Virginia, pernambucana com muito orgulho, me fez relembrar o sotaque nordestino de minha mãe e dos familiares que moram na Bahia. E conversar, mesmo por telefone, sobre os quitutes que ela preparou ontem para o restaurante Na Cozinha, os quais vou provar hoje, foi realmente como sentir o cheiro do camarão seco, do queijo coalho, do abará, do acarajé… Vixi, bom demais!

Além de ter mais de 20 anos de experiência na cozinha – a iabassê tem 35 anos e fez seu primeiro prato no terreiro aos 14 – Carmen formou-se em gastronomia no ano passado, pelo Senac de Pernambuco. “Eu já tinha a técnica e nem sabia. A forma de apresentar minha culinária para todos foi entrar na faculdade”, conta ela, que seguiu os conselhos da avó materna, merendeira de escola pública e cozinheira de mão cheia. “Ela me dizia que tudo o que eu fizesse, tinha que ser bem feito”. E Carmen mostrou que seguir os ensinamentos direitinho.

Graças ao contato com o chef Carlos Ribeiro, na faculdade, foi apresentada à chef Janaína Rueda, do Bar da Dona Onça, o que rendeu o convite para vir à São Paulo pela primeira vez – e já como convidada para mostrar a sua arte e dois restaurantes bem conhecidos na cidade. “O Orixá quer a comida em sua essência, sem firulas. Tem que ser bonito, mas não de forma gastronômica”, explica Carmen. “Agora consegui unir a tradição da ‘comida de santo’ com o estudo. Todos só temos a ganhar”, diverte-se ela, apesar da voz de cansada. E não é para menos: o 1º dia já foi um sucesso!

“A gente não esperava que fosse lotar no almoço, só no jantar, mas não paramos um minutos”, conta. Entre os pratos do Menu Águas de Oxalá, ela destaca o Marabô, Caiala e Sobá (R$ 110 para duas pessoas) e a sobremesa Punhetinha de Colher da Nêga (R$ 14,90) como os mais pedidos. Eu confesso que estou doida para experimentar o Êpa Babá (cubinhos de queijo coalho com melaço e telhinha de beiju) e o Ê d’Oxum (pescada com crosta de batata doce e cama de purê de banana da terra).

Ainda sem restaurante próprio, a chef Carmen Virgínia tem planos de abrir um lugar para chamar de seu para cozinhar dentro de casa, em Recife. Quem sabe o festival em terras paulistanas não era o empurrãozinho que faltava?

Menu Águas de Oxalá

Na Cozinha (dias 3 e 4 de fevereiro – almoço e jantar)
Rua Haddock Lobo, 955 – Jardins – São Paulo
Telefone: 11 3063-5374 (não está aceitando reservas)

Bar da Dona Onça (dia 6 de fevereiro, a partir de 19h)
Av. Ipiranga, 200, lj. 27/29, República – São Paulo
Telefone: 11 3257-2016

De olho em 2012

Em 2011, conhecemos (e revisitamos) lugares promissores, mas aos quais parece faltar uma pitadinha de pimenta ou mesmo de organização. Por isso, em 2012, essas casas estão na nossa lista de observação, seja para voltarmos a elas seja para ouvirmos a opinião de outras pessoas – afinal, não somos as donas da verdade, né?

Spadaccino: sempre recomendado por nós, o restaurante decepcionou no último jantar degustado na casa. Atendimento desleixado, comida ruim (bolinhos congelados por dentro) e conta bem salgada foi o balanço da visita. Esperamos que o lugar melhore este ano (agosto).

Bar da Dona Onça: Apesar de tantos elogios que ouvimos sobre o lugar, nossa única visita em 2011 foi decepcionante. Como qualquer restaurante pode ter um dia ruim, pretendemos voltar este ano (agosto).

AK Vila: na primeira visita, o atendimento foi péssimo e a comida estava ou insossa ou muito gordurosa, dependendo do pedido. Na segunda visita, o cardápio do SPRW agradou, mas o atendimento deixou a desejar. Aberto em 2011, desejamos que tudo se ajuste em 2012 (setembro).

P.Ã.O: os pães decepcionaram (grãos e nozes), mas os doces agradam em cheio pelo sabor e pela textura. Estamos de olho na casa para checarmos se o problema foi pontual mesmo ou não. Novamente, o lugar é sempre muito elogiado por guias e roteiros gastronômicos, mas para nós os pães estavam muito duros e sem sabor – nem aquecendo foi possível comê-los (outubro).

Lá da Venda: o sabor era bom, mas 45 reais em um strogonoff + refrigerante + 10% é muito caro para um almoço na Vila Madalena. Esperamos que a casa continua servido comida saborosa, mas que volte à realidade dos preços da região. É por casas assim que São Paulo é uma das cidades mais caras para se comer no mundo (novembro).

Rosa Bistrô & Botequim: o problema aqui não é o preço nem o sabor, mas a falta de um diferencial. Servir pão francês frio e pastel que poderia ter sido feito em casa é mancada. E os atendentes precisam de treinamento urgente (dezembro).

Quarta e sábado: dias de feijoada \o/

Não sei se é assim no resto do país, mas aqui em São Paulo os melhores dias para se comer uma boa feijoada são quarta e sábado, por uma questão de tradição mesmo. É comum encontrar o prato em restaurantes a quilo e self service, além dos lugares que servem a iguaria especialmente nesses dias. Para abrir o apetite de quem pensa em apreciar uma feijuca nesta quarta, vou compartilhar algumas das melhores que já provamos por aqui. Abaixo, uma feijoada simples, caseirinha e deliciosa: a feijuca do Praça Cheese, nosso amado point para comer coxinhas e hot dogs de mastigar rezando. Com 15 reais você comer um feijão bem feito, recheado com costela, carne seca, calabresa e paio, acompanhado por couve fritinha, arroz branco e uma farofa divina – teve que rolar repeteco na última vez.

Outra feijuca de respeito, só que bem mais cara também, é a Feijoada da Lana, restaurante que fica na Vila Madalena, na Rua Aspicuelta. Durante a semana o buffet, que é ilimitado, custa 30 reais por pessoa, chegando a 55 reais nos finais de semana. A vantagem é que ninguém precisa esperar chegar quarta-feira para comer feijoada, já que o local serve a iguaria diariamente. Laranja, couve, farofa, arroz e carnes separadas em caçambas diferntes: tem uma para costela e lombo, outra para linguiças, outra para orelha, pé… e assim por diante.

Nas fotos abaixo mais duas indicações de feijoadas “diferenciadas”, no bom sentido, claro. No Bar da Dona Onça, a feijoada para dois sai por R$ 72 (esse preço é de agosto/2011) e vem bem servida de feijão, apesar dos acompanhamentos em quantidade modesta. Já na segunda foto está a feijoada do Santinho, restaurante da chef Morena Leite (Capim Santo) que fica no prédio do Instituto Tomie Ohtake, na rua Coropés (Pinheiros). O diferencial aí é a manutenção da temperatura da comida por meio de uma ótima distribuição de calor do buffet, que é sempre reposto. Assim como o Feijoada da Lana, aqui se paga para comer à vontade: em fevereiro o preço era R$ 38,50 (segunda a sexta). Aos sábados o valor vai para mais de 50 reais.

Ficarei devendo uma foto da linda feijoada do Bar do Biú, uma das minhas preferidas por ser farta e barata. E Dona Edi tem feijuca para todos os gostos: completa, light, só com costela e linguiça, ou ainda uma versão vegetariana. Tudo muitíssima bem servido e acompanhado de arroz, couve e farofa.