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Lisboa: Queijo Serra da Estrela

Sempre ouvi falar muito do queijo Serra da Estrela, e logo que cheguei à Lisboa procurei no supermercado pra comprar. Acabei encontrando no El corte inglés (uma grande rede no estilo Galerie Lafayette), onde tinha uma variedade muito grande de queijos e muitas marcas de queijos da Serra da Estrela:

E perguntando no balcão, me sugeriram esse aí da foto:

Ele era um pouco caro e tive que comprar  1/4 de um queijo, mas valeu muito a pena! Comprei o Serra da Estrela do tipo amanteigado, que tem a massa mole e dá pra espalhar no pão.

Eu achei bem gostoso, um pouco picante (ácido) e como já estou habituada aos queijos franceses (que são fortes) pude comer com tranquilidade, mas imagino que quem não está habituado ao camembert ou ao bleu, vai achar um pouco forte.

O Queijo da Serra da Estrela é produzido a partir do leite de ovelha da raça Bordaleira, na região da Serra da Estrela com uma receita que obedece a técnica milenares, usando o cardo para coagular o leite. E acredita-se que ele é produzido na região há cerca de 2 mil anos.

El Corte Inglés
Entre as Avenidas António Augusto de Aguiar, Marquês de Fronteira e Sidónio Pais – Lisboa

Casa Matias (Queijo Serra da Estrela)

Receita: croque-monsieur

Ontem no Aventuras Gastronômicas você aprendeu tudo sobre o croque-monsieur e também já tem boas sugestões de onde comê-lo em São Paulo, só tava faltando a receita, né? “Et voilà la recette!”, diretamente da França:

Croque-monsieur

Ingredientes
4 fatias de pão de forma integral sem casca
40 g de presunto (2 boas fatias)
60 g de queijo gruyère (pode usar emmental, cantal, comte ou até muçarela – mas o gruyère é o melhor)
30 g de queijo parmesão
100 ml de crème fraîche épaisse* (pode ser substituído por creme de leite)
1 gema
manteiga
pimenta do reino a gosto

Modo de preparo: passe manteiga em um das fatias do sanduíche e coloque-a em uma assadeira (tefal, porcelana ou vidro), em seguida coloque uma fatia de queijo, uma de presunto e outra de queijo – é importante que as fatias sejam do mesmo tamanho do pão.

Misture o creme de leite, a gema, e a pimenta do reino moída na hora e o parmesão ralado. Passe essa mistura nos dois lado da fatia que vai por cima, despeje o que sobrar em cima dos sanduíches e por último, coloque o restante do gruyère ralado.

Leve ao forno por cerca de 15 minutos ou até gratinar. Sirva acompanhado de uma salada.

Essa receita é muito fácil e o interessante é que o pão fica tostadinho do lado fica na assadeira (como dá pra ver na foto abaixo) e gratinado do outro.

Crocante embaixo, queijo derretido dentro e maciez gratinada por cima, dá pra resistir?

* Crème fraîche épaisse: esse produto tipicamente francês lembra muito o nosso creme de leite, a diferença é que ele tem um gosto um pouquinho azedo, lembrando o sour cream. E ele pode ser encontrado em várias consistências, “épaisse” significa denso, consistente; existem outros que  ser mais líquidos…

Croque-monsieur à francesa

A Isabelle falou sobre o croque-monsieur aí no Brasil e eu, daqui do outro lado do Atlântico, pesquisei tudo sobre o lanche!

Pra começar, vamos entender o nome – croque-monsieur – “croquer” em francês significa ser crocante, é quando mordemos algo e ouvimos um barulho seco; monsieur significa senhor. Em português seria algo como um “senhor crocante” =D.

Como o sanduíche ganhou esse nome é algo que nunca saberemos, pode ter sido a partir de uma brincadeira, alguém pediu um crocante e o garçon disse “um croque monsieur?”…hehehe

O que temos certeza é que ele que surgiu no final do século XIX e era encontrado com esse nome em  1910 no cardápio de um café no Boulevard des Capucines em Paris. E em 1919, o escrito francês Marcel Proust vai citar esse lanche no livro “À sombra das moças em flor”.

Na definição do dicionário, o croque-monsieur é um sanduíche de pão de forma grelhado composto de queijo e presunto. Os mais clássicos dizem que ele deve ser feito na frigideira, ou numa máquina própria para esse fim. O que me leva a pensar que ele nada mais é do que um misto quente. =)

A máquina ...

e o resultado!

Aí na foto temos a famosa “machine à croque” ou máquina de croque ou num português claro, a sanduicheira! Que vai deixar o seu croque-monsieur perfeitamente crocante! Detalhe, nessa também dá  pra fazer gaufres ou wafles.

Mas você vai me dizer, aqui no Brasil ele tem um creme por cima, sim, porque também existe o croque-monsieur à la béchamel (molho branco) que é feito no forno. Pra além disso, o lanche tem milhares de variações – do croque-madame (com um ovo frito por cima) ao croque-havaiano (com uma rodela de abacaxi)….

A maioria dos franceses come croque-monsieur desde pequenininho, ele é fácil de fazer e barato. É possível comprar os ingredientes (pão, presunto, queijo e molho branco) e preparar em casa, ou comprá-lo pronto no supermercado e apenas esquentar:

A embalagem com dois lanches custa entre 2 e 2,50 euros e tem várias opções de queijo: comte, emmental e queijo de cabra, e você pode comprar a opção “à poêler” (pra fazer na frigideira) ou à la béchamel.

E nas padarias também costuma ter o lanche pronto pra vender:

Ele costuma ficar ao lado dos quiches e eu, pessoalmente, acabo comprando o quiche – deve ser porque adoro os vegetais – quiche de cogumelo é sempre uma delícia!

O croque-monsieur também pode ser encontrado no cardápio de alguns salons de thé (casa de chá ou lanchonete) e em alguns restaurantes ele pode ser uma das opções de entrada, sendo que muitos chefs estrelados revêem esse clássico com novos ingredientes, como por exemplo trufas negras, e ele costuma ser servido acompanhado de uma salada.

E uma curiosidade, encontrei essa lanchonete em Nantes que serve apenas croque-monsieur.

E sim, logo mais aqui no Aventuras Gastronômicas, a receita pra você fazer o seu próprio clássico francês!

Raclette

Como aqui na Europa as estações são bem definidas, existem os pratos de inverno e os pratos de verão. E nesta época do ano com a neve caindo lá fora, não há nada melhor do que comer uma raclette.

Raclette é na verdade o nome de um tipo de queijo, de origem suíça, da região de Valais , tradicionalmente feito com leite de vaca cru, que derrete com facilidade. Daí vem o prato, derrete-se o queijo e ele é despejado sobre a batata cozida… hum!!

Os queijos usados para se fazer a raclette podem ser o Savoie, o Comte ou o Raclette, e aqui, nesta época do ano, é fácil encontrar as embalagens de “queijo para raclette”. É possível também encontrar “sabores” do queijo, como com pimenta do reino, vinho branco, cominho etc.

Além das batatas cozidas acompanham também a “assiette de charcuterie” (prato de embutidos/ prato de frios), cornichons (pepino em conserva), maionese caseira e pão.

Mas a melhor coisa é a forma de preparo, você põe o queijo nessa “frigideirinha” :

E coloca pra esquentar na máquina de raclette:

E quando o queijo derrete:

É só derramar o queijo sobre a batata cozida:

É um prato extremamente convivial e que não dá nenhum trabalho!

Como bebida aconselha-se servir vinho branco seco ou rosé e deve-se evitar a água ou bebidas frias, porque elas vão fazer o queijo endurecer no estômago, então para quem não toma vinho o ideal é uma xícara de chá bem quente!

Ps. Sei que esse prato não combina muito com o calor que tem feito no Brasil, mas aqui está nevando:

Comendo à francesa

Uma das maiores diferenças entre a comida na França e no Brasil é a forma de organização da refeição. Aqui, nos restaurante e nas casas de família mais tradicionais, existe uma divisão clara: entrada, prato principal, queijos e sobremesa. Para se ter uma ideia de como isso faz parte da cultura, até mesmo nas cantinas das escolas e universidades existe esta mesma estrutura.

Foto que tirei na cantina do Liceu onde trabalho: a entrada (salada de repolho roxo e taboulé), prato principal (bife, macarrão e ratatouille), queijo camembert e torta de coco de sobremesa

A entrada varia bastante, pode ser um paté de porco, uma sopa, pode ser foie gras (fígado de pato – que você já compra pronto para comer e depois deve ser fatiado e colocado sobre o pão ou uma torrada), um folhado, blinis com salmão defumado, enfim, ela pode ser fria ou quente.

Salada de tomate com anchovas

Em seguida vem o prato principal – a única regra que existe é que deve ter uma carne e o acompanhamento que pode ser QUALQUER coisa – digo isso do ponto de vista de uma brasileira – para dar um exemplo, você pode comer um bife acompanhado por ervilhas. Um dos acompanhamentos mais comum é a batata (em todas as suas versões), arroz é raro, feijão também…

Aí quando você acha que já acabou, chega o prato de queijos, e é impressionante a quantidade que eles vão comer de queijo, e sempre acompanhado pelo pão e na maior parte das vezes se come o queijo neste momento da refeição – ainda não vi por aqui essa coisa que brasileiro acha chique de chamar os amigos pra comer queijo e vinho.

O vinho é um caso a parte, como cada prato pede um vinho diferente, numa mesma refeição, você pode beber 3 vinhos diferentes, por exemplo, se a entrada for torradas com foie gras, ela pede um vinho branco e adocicado como o Muscat, e se em seguida você vai comer um faux fillet (corte tradicional de carne bovina) acompanhado de batatas, você deve beber um vinho tinto, como o Bordeaux, que também vai acompanhar os queijos. E junto com a sobremesa, caso seja uma galette de rois ou uma mousse de chocolate, você pode beber uma tacinha de champagne.

E numa refeição dessa se passa muito tempo na mesa, e é isso que os franceses adoram. Sim, viver na França é um convite à comida! E um perigo pra balança…