Entrevista: nutricionista e chef Maria Luiza Ctenas (McDonald’s e McGourmet)

Dia 27 de agosto será realizado mais um McDia Feliz. São muitos profissionais envolvidos em prol de uma causa maior, que ajuda diversas instituições que existem para auxiliar crianças em tratamento contra o câncer. Entrevistamos Maria Luiza Ctenas, nutricionista do McDonald’s e chef de McGourmet, que fala um pouco sobre nutrição infantil, um assunto para lá de importante e que tem tudo a ver com esse momento.

1) É verdade que crianças obesas tendem a ser adultos obesos? Por que?

Sim, é verdade. O aparecimento da obesidade é muito influenciado pela herança genética. Vários estudos com gêmeos criados em lares diferentes (adotados) mostram que não há relação aparente entre as crianças adotadas e seus pais adotivos. Isso sugere que um ambiente obesogênico influencia mais ou menos no aparecimento da obesidade dependendo da bagagem genética do individuo. Como no atual estagio da ciência não há meios de intervir nos fatores genéticos da obesidade, por isso a única intervenção possível é no ambiente e no estilo de vida das pessoas. O risco de obesidade na criança, quando nenhum dos pais é obeso, é de 9%, quando um dos pais é obeso, ela sobe para 50%. Se o pai e a mães são obesos o risco é de 80%. Vale ressaltar que o risco de uma criança obesa continuar obesa na fase adulta é de 60% a 80%. Como dá para notar a obesidade é uma situação grave que passa vários países no mundo, inclusive o Brasil. E a palavra chave é adoção de um estilo vida mais ativo para a família e adotar uma alimentação que ofereça os nutrientes necessários à vida, sem exageros.

2) De que forma as mães podem começar a introduzir alimentos saudáveis na dieta dos pequenos? Usar produtos industrializados com formatos divertidos é bom ou ruim?

Incomoda um pouco a expressão alimento saudável aplicado de forma absoluta. Parece aquelas novelas antigas onde havia mocinhos e bandidos. Os alimentos, assim como os seres humanos, são complexos, têm pontos fortes e pontos fracos. Para um alimento ser saudável é preciso considerar a dose e as necessidades do comensal. Portanto, algo que é saudável para mim, não necessariamente será saudável para você. Tornar uma refeição um momento alegre e descontraído é bom para a criança. Se formatos divertidos ajudarem a alcançar uma boa experiência alimentar não há nada de errado com eles. Os problemas começam se brincar à mesa passa a ser a única maneira de as crianças comerem. Mas do ponto de vista nutricional, no entanto, ingestão alimentar será boa ou ruim dependendo do tamanho da dose e das necessidades do comensal.

4) Na hora de preparar refeições em casa, principalmente à noite, antes de dormir, quais são os principais cuidados que devemos ter para evitar excessos de calorias, gorduras e açúcar?

Em primeiro lugar antes de dormir não é um momento apropriado para fazer refeição. No período noturno nosso metabolismo é mais lento e se a ingestão de alimentos for inadequada o armazenamento de gordura pode ser maior. O melhor é uma alimentação com mais legumes cozidos, como por exemplo sopas, saladas, frutas e cereais integrais.

5) O McDonald’s disponibiliza a tabela de calorias de seus produtos em todas as lojas e busca, há alguns anos, trazer alimentos mais saudáveis para o cardápio. Como esses produtos são recebidos pelo público? É possível comer fast food sem comprometer a saúde?

Embora não tenho uma procuração para falar em nome do McDonald’s, acredito que a estratégia nutricional da empresa é clara: oferecer um cardápio o mais amplo possível com opções para variados estilos de vida.

6) Cinco dicas para quem quer manter uma alimentação equilibrada quando come fora de casa:

Não existe uma regra básica para quem come fora de casa. O importante é pensar no dia alimentar ou até mesmo a compensação de um dia para outro. Por exemplo: se a feijoada fizer parte de seu almoço tente compensar no jantar do mesmo dia ou no outro dia, com uma refeição menos calórica. Veja outras dicas de uso geral que podem ajudar muito dia alimentar das pessoas:

– Os cereais, tubérculos e raízes devem compor 45% a 65% da energia total/dia com 6 porções/dia.
– Consumo de 3 ou mais porções de legumes e verduras e de 3 porções de frutas nas refeições diárias.
– O consumo diário de frutas, legumes e verduras é de 400 g.
– Uma porção por dia de leguminosa (feijão, grão-de-bico, lentilha, soja, fava).
– Arroz/Feijão: consumo na proporção de 2:1.
– Três porções/dia de leite e derivados: integral para crianças e adolescentes e
desnatado para adultos.
– Uma porção/dia de carnes, peixes ou ovos.
– Redução de alimentos com elevada concentração de sal, açúcar e gordura.
– Uma porção de gorduras e óleos/dia: de preferência óleos vegetais, azeite de oliva e margarinas (sem ácidos graxos trans). Evite alimento com adição de gordura trans.
– Uma porção por dia de açúcares/doces e não deve ultrapassar 10% da energia total diária.
– O consumo de sal: 5 g/dia.
– Redução de alimentos processados com elevada concentração de sal: molhos, salgadinhos, caldos e sopas industrializadas.
– Não se esqueça sempre de avaliar a qualidade sanitária dos alimentos e da limpeza do ambiente que você faz as refeições fora de casa. Sempre que possível visite a cozinha dos restaurantes que você frequenta.

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