Olá, pessoal! O post de hoje é para contar uma aventura gastronômica um pouco diferente. No último dia 11 para o 12 de outubro participei de uma ação dos Anjos da Madrugada! Fiz algo que queria há algum tempo: um voluntariado para distribuir aos moradores de rua marmitas e doações.
Todo mundo tem uma vida corrida, problemas e falta de tempo. Mas, andei me questionando há algum tempo de escolhas e onde poderia focar minha energia, de maneira positiva e produtiva. Por que não um voluntariado?
Em uma conversa com um amigo, ele me indicou o Anjos da Madrugada e me passou o contato da Diih. O projeto tem 1 ano e seis meses, atua mensalmente e conta com cerca de 70 pessoas. Topei na hora! Foi meio maluco pois estou super corrida e virada desde semana passada, além de uma gripe chatinha. Mas arrisquei mesmo assim. Tomei o telefone e entrei nessa. A gente sempre tem um tempinho sim 😉
Na segunda, dia 10, o pessoal estava com a mão na massa. Acompanhei pelo Facebook mas, infelizmente, não pude ajudar e acompanhar o processo. No total foram produzidos 340 marmitas com arroz, strogonoff, batata palha e feijão. Para sobremesa, 420 mousses de chocolate e para beber 240 sucos e 240 águas. Além dos saquinhos de doces para as crianças e doações de roupas, sapatos e brinquedos. Foi admirável ver a força e dedicação do pessoal!
O Anjos da Madrugada atua na própria casa da Diih e, com muita hospitalidade, me recebeu de braços abertos. Fui totalmente acolhida e fiquei muito contente pela empatia da turma. Muitas pessoas de diversas classes, credos mas com apenas um objetivo: fazer o bem!
Minha primeira surpresa foi ver a generosidade da Diih em oferecer seu espaço para receber uma desconhecida. Fiquei impressionada com a quantidade da produção para alguns braços. A mulherada estava com força total, e mais surpreendida ainda quando um caminhão chegou para nos ajudar no carregamento.
Partimos do Taboão da Serra por volta das 22h e a ação focou de início na Praça da Sé. Estacionamos todos próximos da Universidade São Francisco – Direito USP, no centro de São Paulo, e seguimos todos juntos, com a facilidade de nos identificarmos pela camiseta branca e logotipo do projeto.
Passamos pelo escadão da Catedral da Sé e depois no Pátio do Colégio, nos mantivermos juntos em todo o percurso e nos segmentamos por algumas turmas, uns com sacolas de roupas, devidamente separadas por tipo: masculinas, femininas, infantil masculino e feminino. Brinquedos em outros pacotes, bebidas, marmitas, doces, e assim por diante.
Como funciona a distribuição e abordagem aos moradores de rua
Muitos moradores nos abordam, portanto, esqueça as filas. Você pode até oferecer, dê o que te pedem, respeite se disserem não e caso não tenha, indique e pergunte ao amigo.
Veja algumas dicas ao abordar alguém na rua:
- Jamais demonstre medo, somos todos iguais (sei que isso parece banal, mas já vi nossa bolha social fazendo isso, o que é segregação! Uma coisa é uma pessoa ter ataque de esquizofrenia ao seu lado, outra é o morador de rua estar na dele);
- A palavra “mendigo” ou “viciado” são pejorativas, ok? Sensibilidade, por favor;
- Quando distribuir algo em locais de muita concentração de moradores, mantenha-se em grupo, especialmente neste caso: de madrugada;
- Nunca negue neste tipo de ação quantidade: dê a eles o que pedem. Não se deve dizer não, pois não sabemos como podem reagir. Se não tiver, sem problemas, indique o colega. Seja gentil, peça desculpas por não ter e peça para procurar em outra sacola;
- E sempre, o mais importante de tudo, trate a pessoa pelo nome. Pergunte, converse, fale do dia a dia dele. O foco é o morador. A experiência é muito enriquecedora! E às vezes, a carência é apenas companhia, afinal somos seres humanos e seres sociais;
- Muitas crianças podem grudar em você e serem insistentes. Tive isso com um menininho que queria tudo de minha sacola. Fale com ele que já pegou o suficiente, e mostre a ele que pegou o que já desejava. Fale que ele vai dividir com os amiguinhos.
Existe uma fala muito comum: vou levar para alguém. Também não se deve negar. Já a criançada, replica sem pensar. Achei muito engraçadinho um menino de 5 anos dizer que o filho dele precisava de roupinhas. Pondere para crianças, afinal, para quem não tem nada, a fartura de uma sacola inteira impressiona. Tenha empatia e bom senso. 🙂
Mas, é perigoso? Tenho medo!
Vá de coração e mente aberta. Para quem nunca foi, posso afirmar que é uma das melhores satisfações que você pode ter em vida. Eu, particularmente, penso: vim ao mundo com algum propósito e não estou de passagem. Me sinto feliz, e minha sensação de “roubo muito ar do mundo” passa por alguns instantes.
Garanto que será ótimo para sair da nossa bolha social, encarar a realidade, ter mais empatia e gratidão pelos privilégios que temos. E posso garantir, pessoas com menos privilégios que eu, fazem muito mais por aí. É uma lição de vida, definitivamente.
A união faz a força, e tendo organização e foco no objetivo, não dá medo não. Deixamos nossos pertences nos carros bem guardados e escondidos, caso seja sua dúvida. Levei o celular para fazer ao vivo no Facebook do Aventuras Gastronômicas e não tive problema algum. Só ficar ligeiro como já ficamos todos os dias! 😉
Conclusões
Estamos acostumados a reclamar de nossa vida pessoal. Mas, será que podemos por algum tempo olhar ao nosso redor? Pausar, refletir e perceber as nossas regalias, por exemplo, poder comer fora, ler, ler este blog, entre tantos outros!
Ninguém sabe a história dessas pessoas e o porquê estão nessas condições sociais. Falar e achar que essas pessoas são acomodadas é muito raso, compreendem? Tudo tem um porquê, tudo tem sua exceção. Muitas vezes, não há saída ou escolha, é aquilo e ponto. Especialmente crianças, imagine como é crescer num meio sem estrutura alguma? Já se colocou no lugar?
Poderia escrever mais, mas resumidamente é essa a conclusão. Vamos ajudar! 😀
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