abril 2012 archive

Feed Food: culinária e ambiente acolhedores

Na minha atual vida de freelancer, comer fora de casa durante a semana passou a ser um evento. Assim, tentarei visitar um restaurante diferente, novo ou não, que tenha ou um bom menu executivo ou preços atraentes, pelo menos uma vez na semana – para não falir, é claro. Na última semana, completei três anos de casada e fui comemorar no Feed Food, novidade em Pinheiros com pratos que não perdem a graça ao chegar a conta. A foto abaixo é do que eu achei mais incrível na casa, que fica nos fundos de uma loja de roupas que também abriga uma galeria e um salão de cabelereiro: rogel de doce de leite argentino (R$ 12), beeeem farto e coberto com merengue. Fantástico.

Assim que cheguei com o maridão, pedimos uma suculenta porção de bolinhos de arroz com carne seca recheado com requeijão do Norte (18), com cinco unidades, de recheio cremoso. Depois percebemos que nem era preciso ter pedido o petisco, já que o restaurante oferece focaccia de entrada, como cortesia. A do dia era uma saborosa, quentinha e macia versão com manjericão, que combinou perfeitamente com o azeite extravirgem que havia na mesa. Nota dez. Nota máxima também para o atendimento super atencioso e para a chef Adriana Cymes, que veio até a mesa nos cumprimentar de forma muito simpática. A casa é dela com o marido, o chef Victor Vasconcellos, responsável pela cozinha do bar Número. Por causa da fama das coxinhas de lá, quero voltar no Feed Food para experimentar a versão criada para o empreedimento: porção de coxinhas de frango com massa de mandioquinha com 6 unidades (R$ 19,50).

Como prato principal, recomendo fortemente o risoto de abóbora com queijo Serra da Canastra e generosa dose de farofa de amêndoas e avelãs ao perfume de sálvia (R$ 27). Uma mistura bem saborosa de ingredientes num prato que chegou à mesa no ponto perfeito de cozimento. Só colocaria mais farofinha em cima e talvez um queijo parmesão em lascas, mas é gosto pessoal. Para quem prefere carne, as opções do menu pareceram apetitosas e os pedidos das mesas ao lado mais ainda. O maridão também escolheu uma massa: o noodles crunch com frango ao curry (R$ 27). Bem executado, o prato tinha macarrão al dente e ingredientes bem dosados, mas em relação ao sabor eu preferi a minha escolha. Para quem, como eu, curte curry com parcimônia, é uma boa, pois o tempero é usado de forma suave.

Além da culinária “aconchegante”, com pratos criativos e ao mesmo tempo extremamente agradáveis ao paladar, o Feed Food tem um ambiente muito bonito e arborizado, com luz natural na hora do almoço e boa refrigeração. As árvores do terreno foram mantidos – uma tendência cada vez mais ecológica e encantadora. Ganhamos um merengue de cortesia pelo aniversário de casamento, uma delicadeza! Quero voltar o quanto antes para prover o fusilli com linguiça caseira e buquê de rúcula (R$ 25) e tentar ir à tarde para experimentar um dos sanduíches, como o prensadinho de mortadela com brie (R$ 16). Mais fotos do ambiente do Feed Food aqui.

Feed Food – Loja Cartel 011
Rua Arthur de Azevedo, 517 – Pinheiros – SP
De 12h às 22h – Telefone: (11) 3081-4171

Quem disse que a Páscoa vive só de chocolate?

Entre os 10 ovos que provei até agora, um produto surpreendeu por não ter chocolate.

Conheço os produtos da Fernanda Ribeiro faz tempo e já comentei sobre vários aqui. Acho que o Ovo de Páscoa de bolacha era o único produto que eu ainda não tinha provado, até ganhar um na semana passada. Fê, arigatô!

Mas qual é a graça de ganhar um ovo de bolacha? Eu compraria só pelo fato das bolachas da Fernanda Ribeiro serem uma delícia, mas já pensaram que tem um monte de gente por aí que não pode comer chocolate? Conheço pelo menos duas pessoas do meu convívio que não podem chegar perto dos ovos convencionais vendidos por aí.

Outra vantagem é que o Ovo de Bolacha Decorada (R$ 60) dura e mantém a crocância. Todo mundo está na maior ansiedade por comprar alguns ovos e depois de devorar alguns não aguenta mais ver chocolate na frente. Comigo sempre foi assim. Tô guardando chocolates para depois porque não aguento mais…

Além das duas bandas de bolacha, no interior do ovo há algumas bolachas em formato de coelho e ovos, todos coloridos no sabor de flor de laranjeira. Recomendo!
Fernanda Ribeiro Bolachas Decoradas
Rua Mourato Coelho, 1134, Vila Madalena
Telefone: 11 3815-3757

Você bebe vinho nacional?

Quem é ligado nas notícias do universo da gastronomia deve ter percebido que está rolando um boicote contra vinhos nacionais. O que poderia parecer uma atitude elitista de restaurantes como D.O.M, do chef Alex Atala, ou de lugares como o Taste-Vin, é um movimento bem coerente de reação a algo feito pelos produtores da bebida no Brasil. Existe inclusive uma petição pública, que pode ser assinada online, para que as tentativas de implantar salvaguardas, com o dito fim de proteger o vinho brasileiro da concorrência internacional, sejam abolidas. De acordo com o Jornal do Comércio (RS), o vinho importado é responsável por 80% do consumo no país. E para frear isso, os grandes produtores querem aumentar a alíquota de importação, entre outras medidas protencionistas. Mas, isso mudaria a cabeça do consumidor, acostumado a preferir os vinhos franceses, espanhóis e portugueses em detrimento aos brasileiros? Ou o problema está na qualidade oscilante das marcas e em um passado no qual nem tudo eram flores?

Segundo a sommelière Gabriela Monteleone, em entrevista à jornalista Suzana Barelli, para o site revista Menu, já era difícil fazer com que os clientes aceitassem as sugestões de vinhos nacionais. A missão agora, com a salvaguarda colocando abaixo a reputação do produtos – tanto dos bons quanto dos ruins, agora parece ficar impossível. Achei o depoimento de Mario Telles Júnior, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo (ABS-SP), a mais coerente e explicativo do cenário que está por vir: “Antes da abertura de mercado e da chegada dos diversos rótulos de vinhos importados, o Brasil não contava com o sommelier profissional, não tinha todos os empregos gerados pelas importadoras, os restaurantes não tinham carta de vinhos completas”, contou ele à Suzana (o trecho foi retirado da reportagem).

Visto pelo lado do consumidor, o ato de Gabriela Monteleone em tirar os vinhos nacionais das cartas do D.O.M e do Dalva e Dito, assim como a do chef Rodrigo Fonseca (Taste-Vin) e de outros, é uma forma de proteger o direito de escolha dos clientes. O problema é que se trata de uma retaliação sendo ameaçada por outra retaliação. E aí ao invés de evitar que nós paguemos a conta, que certamente aumentará diante desse cenários, a situação levará à elevação efetiva dos preços e à diminuição da oferta e da variedade de vinhos. Fui assessora de uma marca de espumantes nacional e senti na pele o preconceito que há na área, mesmo a vinícola sendo de uma região respeitada no meio, a Serra Gaúcha. Só nos resta torcer para que Carlos Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), se entenda com fornecedores, produtores, restaurantes e chefs. E que o acordo não faça o mercado de vinhos no Brasil retroceder.