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Três brasileiros entre os 100 melhores restaurantes do mundo: D.O.M, Maní e Roberta Sudbrack

Só se falou nisso no Twitter hoje no fim da tarde (de quem gosta de gastronomia, claro, e não estava curtindo o feriado, claro claro): o restaurante D.O.M. tornou-se o 4º melhor restaurante do mundo, segundo a lista World’s 50 Best Restaurants da revista Restaurant, divulgada em Londres. Ponto para a gastronomia brasileira! Só que, quase simultaneamente, o que se viu foi um monte de gente comemorando – e parabenizando o chef Alex Atala – enquanto outras “xoxavam” a premiação. Rankings são sempre contraditórios por natureza e sempre causam a sensação de injustiça, mas querer desqualificar a lista por esporte é um pouco demais.

Mais importante que a colocação em si é a presença do Brasil lá e, principalmente, de um chef tão engajado em justamente valorizar o que temos de melhor por aqui. Não existe reconhecimento melhor para a cultura gastronômica brasileira, que prova que vai muito além do feijão, da farinha ou da cachaça. É tudo isso junto e muito mais, em diversas formas, texturas e sabores. Além da presença festejada Atala, duas gratas surpresas: o restaurante Maní (Helena Rizzo e Daniel Redondo) subiu 23 posições (74º ano passado para 51º em 2012); além disso, o restaurante de Roberta Sudbrack, conhecida como a chef dos presidentes, ficou pela primeira vez entre os 100 melhores, alcançando a 71ª posição. É ou não é para comemorar? Não importa se você nunca foi a esses restaurantes e se o melhor para você é aquela cantina do bairro com a macarronada que remete seus pensamentos à sua infância: saber que o Brasil tem potencial de reconhecimento em uma área que só cresce no mundo todo é bom demais. Em comum entre os três, o cuidado em usar ingredientes brasileiros (e em preservá-los) e a preocupação com o equilíbrio entre o paladar e a arte nos pratos.

Segundo matéria do UOL, “Atala retorna ao Brasil no fim da semana e comemora no sábado (5) o resultado da premiação durante a tradicional galinhada no seu restaurante Dalva e Dito (…) A Galinhada começa à meia-noite e pelo preço de R$ 59 o cliente se serve à vontade. Bebidas, serviço e valet são cobrados à parte.” Já na reportagem da Folha Online sobre o assunto dá para ver a lista completa dos 100 melhores. O site oficial do The World’s 50 Best Restaurants tem mais informações.

Você bebe vinho nacional?

Quem é ligado nas notícias do universo da gastronomia deve ter percebido que está rolando um boicote contra vinhos nacionais. O que poderia parecer uma atitude elitista de restaurantes como D.O.M, do chef Alex Atala, ou de lugares como o Taste-Vin, é um movimento bem coerente de reação a algo feito pelos produtores da bebida no Brasil. Existe inclusive uma petição pública, que pode ser assinada online, para que as tentativas de implantar salvaguardas, com o dito fim de proteger o vinho brasileiro da concorrência internacional, sejam abolidas. De acordo com o Jornal do Comércio (RS), o vinho importado é responsável por 80% do consumo no país. E para frear isso, os grandes produtores querem aumentar a alíquota de importação, entre outras medidas protencionistas. Mas, isso mudaria a cabeça do consumidor, acostumado a preferir os vinhos franceses, espanhóis e portugueses em detrimento aos brasileiros? Ou o problema está na qualidade oscilante das marcas e em um passado no qual nem tudo eram flores?

Segundo a sommelière Gabriela Monteleone, em entrevista à jornalista Suzana Barelli, para o site revista Menu, já era difícil fazer com que os clientes aceitassem as sugestões de vinhos nacionais. A missão agora, com a salvaguarda colocando abaixo a reputação do produtos – tanto dos bons quanto dos ruins, agora parece ficar impossível. Achei o depoimento de Mario Telles Júnior, diretor da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo (ABS-SP), a mais coerente e explicativo do cenário que está por vir: “Antes da abertura de mercado e da chegada dos diversos rótulos de vinhos importados, o Brasil não contava com o sommelier profissional, não tinha todos os empregos gerados pelas importadoras, os restaurantes não tinham carta de vinhos completas”, contou ele à Suzana (o trecho foi retirado da reportagem).

Visto pelo lado do consumidor, o ato de Gabriela Monteleone em tirar os vinhos nacionais das cartas do D.O.M e do Dalva e Dito, assim como a do chef Rodrigo Fonseca (Taste-Vin) e de outros, é uma forma de proteger o direito de escolha dos clientes. O problema é que se trata de uma retaliação sendo ameaçada por outra retaliação. E aí ao invés de evitar que nós paguemos a conta, que certamente aumentará diante desse cenários, a situação levará à elevação efetiva dos preços e à diminuição da oferta e da variedade de vinhos. Fui assessora de uma marca de espumantes nacional e senti na pele o preconceito que há na área, mesmo a vinícola sendo de uma região respeitada no meio, a Serra Gaúcha. Só nos resta torcer para que Carlos Paviani, diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), se entenda com fornecedores, produtores, restaurantes e chefs. E que o acordo não faça o mercado de vinhos no Brasil retroceder.

Bar Léo e a polêmica do chopp

Sou carioca e nunca fui ao Bar Léo, tradicional reduto paulistano que foi fechado pela polícia na última semana. Tradicional e muito conhecido dos moradores da cidade, o espaço funcionava há mais de 70 anos e fica no centro de SP, na rua Aurora, na Santa Efigênia. Agora, corre o risco de fechar definitivamente as portas por causa de uma prática condenável: fingia vender chopp Brahma mas entregava o Ashby. De acordo com um antigo funcionário, que parecia envergonhado ao falar com a reportagem de um telejornal, a troca foi feito há cerca de dois meses. O que faz um lugar tão reconhecido partir para este tipo de artimanha em busca de lucro?

O problema está em ludibriar o consumidor, esse pobre ser que pode ser representado por mim, por você ou por vizinhos, parentes, amigos. Essa criatura tem pago caro para comer fora de casa e mesmo assim busca conhecer novidades, prestigiar o que já sabe que é bom e dá chance para lugares que parecem não ter encontrado o rumo ainda (ok, essa sou eu). Se um bar aberto ontem fizesse esse tipo de falcatrua, já seria péssimo. Mas sendo o Bar Léo, histórico em São Paulo, há de se questionar: se para o consumidor está ruim, quer dizer que para o comerciante está ainda pior?

Nada justificativa a atitude, mas vale a reflexão sobre aonde vamos parar com preços tão altos, que atingem tanto o restaurante badalado quanto o bar tradicional. Na teoria, quanto mais concorrência, melhores os valores. Na prática, existem cada vez mais opções gastronômicas na cidade e tudo só continua a subir. E é por isso que fico tão indignada quando pago, por exemplo, sei reais numa garrafinha de água ou num refrigerante, só porque o mesmo foi consumido nos Jardins, ou no Itaim, ou na Vila Olímpia, ou no raio que o parta.

Pelo o que li a respeito em sites e outros blogs, o bar não vinha lá muito bem das pernas. Parecia ter perdido a essência do bom atendimento e os petiscos já não eram tão saborosos como outrora. E um de seus pontos fortes era justamente o tal chopp Brahma cremoso e bem tirado. Agora, corre-se o risco de ficar sem Bar Léo de verdade e pessoas como eu não terão nem como conhecê-lo. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Vale a pena experimentar marcas desconhecidas na hora de cozinhar?

Quem gosta de cozinhar, como eu, acaba escolhendo algumas marcas preferidas, aquelas que ajudam a transformar aquela receita especial em realidade. Mas, para fazer diferente, decidi preparar um prato que é minha especialidade usando produtos da linha Bom Preço, do Walmart. E adorei o resultado 🙂

Estou acostumada a usar o arroz Tio João, que não precisa ser lavado, por isso fiquei feliz em ver que o produto dessa linha também pode ser preparado sem pré-lavagem já que, como diz na embalagem, “o polimento dos grãos é feito pelo processo ‘water polish’ – polimento com água potável, fortalecendo o brilho natural do produto sem aditivos químicos”. O melhor é que ele ficou soltinho e branquinho, e só usei azeite, alho e cebola no cozimento.

O molho de tomate, produzido e embalado por uma grande empresa conhecida pela qualidade dos produtos, não fica devendo em nada em sabor, cor e tempero se comparado a outras marcas. Meu pai há tempos me falava que é importante checar quem é o fabricante do produtos antes de comprar, já que muitas vezes pagamos mais caro pela “grife”. Na embalagem, curti a dica de reciclagem, que estimula a prática em todos os produtos Bom Preço:

O creme de leite também surpreendeu positivamente, apesar da textura ter ficado um pouco menos aveludada – provavelmente por conta da redução do teor de gordura do produto, que tem 20% menos que o tradicional. O que importa mesmo, que é o sabor, não mudou em nada – apenas a coloração final do strogonoff é que ficou um pouco mais alaranjada.

Finalizei o prato com batata palha sabor cebola e salsa, crocante como tem que ser e com sabor suave – que não “brigou” com o resto da refeição. Valeu a pena experimentar! E ainda economizei R$ 3,05 – os mesmos produtos nas marcas líderes custariam R$ 9,50, mas os da linha Bom Preço somaram apenas R$ 6,45, uma diferença que dentro de uma compra mensal, conta muito!

O Melhor de São Paulo 2011/2012 – Época São Paulo

Já falamos aqui sobre os vencedores da edição O Melhor de São Paulo da revista Época São Paulo do ano passado. Ontem foi publicação a eleição 2011/2012, com a manutenção de categorias fixas e a criação de novas, que vão mudam a cada ano.

Imagem do site da revista Época São Paulo

Houve alguns bicampeões como o Brasil a Gosto, eleito o melhor brasileiro (o Mocotó ganhou pela Escolha do Leitor) e o Kinoshita (melhor japonês). Já o D.O.M levou o prêmio de melhor contemporâneo pela terceira vez consecutiva (também ganhou pela Escolha do Leitor).  Também pelo terceiro ano, o Fasano foi premiado como o melhor italiano, mas a Escolha do Leitor ficou com o Biondi, especializado em massas frescas.

Entre as categorias “novas”, destacam-se (não listamos todas):
Vegetariano: Moinho de Pedra
Comfort Food: Amici
Tapa: Torero Valese
Hamburguer: 210 Diner (post em breve)
Arroz-doce: Oryza (em nossa lista do SPRW)
Prato com ovo: Cantaloup
Picadinho: Na Cozinha
Focaccia: Zucco

Alheira: Cervejaria Nacional
Coxinha: Veloso
Bruschetta: Adega Santiago
Brigaderia: Maria Brigadeiro (a gente já sabia! :))
Sorvete de frutas brasileiras: Taperebá

Já entre as categorias sempre presentes, boas novidades:
Restaurante novo: Epice (também ganhou de melhor barriga de porco)
Francês: La Brasserie Erick Jacquin (Leitor: Sarrasin Galetterie)
Carne: Baby Beef Rubaiyat (Leitor: Templo da Carne Marcos Bassi)
Pizzaria: A Tal da Pizza (Leitor: Speranza Moema)
Bar para comer: Bar da Dona Onça (Leitor: La Tapa!)
Café: Coffee Lab (segundo ano)
Doceria: Pâtisserie Douce France (Leitor: Condimento)
Megapadaria: St. Etienne (Leitor: Bella Paulista)
Lanchonete: Lanchonete da Cidade
Sorveteria: Bacio di Latte (Leitor: Häagen-Dazs Jardins)

Vale a pena comprar, guardar, conferir alguns dos eleitos e comparar ano a ano como as escolhas vão mudando de acordo com a abertura de novas casas e o movimento natural dos restaurantes.